O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que é contra o aborto e que o tema não da alçada de um presidente, mas do Legislativo. Lula disse ainda que a mulher tem “supremacia sobre o seu corpo”.
“Sou contra o aborto. Sou pai de cinco filhos, avô de oito netos, bisavô de uma bisneta, sou contra o aborto”, disse o petista à imprensa antes de começar uma caminhada em Guarulhos nesta sexta-feira (7).
“E mesmo porque muitas vezes quem tem que decidir o aborto ou não é quem está grávida, normalmente a mulher, que tem que ter mais poder de dizer se quer ou não”, afirmou Lula. “A lei existe, diz como é que pode acontecer ou não o aborto. Não é papel do presidente da República, é papel do Poder Legislativo, e, sobretudo, cabe muito a gente entender que a mulher tem supremacia sobre o seu corpo”, disse.
Lula também disse que não precisa tratar de pautas de costume, pois não é uma figura desconhecida. “Por que não abordo pauta de costumes? Quem tem história não precisa abordar a mesma coisa todo dia.”
Após evitar entrar de maneira mais contundente em temas do tipo na propaganda eleitoral no rádio e na televisão durante o primeiro turno, a campanha do ex-presidente deve rever a estratégia.
Religião e aborto serão abordados em falas do petista para tentar conquistar votos de evangélicos.
O ex-presidente gravou um vídeo em que se diz “a favor da vida” e contra o aborto. “Não só sou contra o aborto, como todas as mulheres com quem casei são contra”, diz ele no vídeo.
A caminhada começou às 10h40 e teve duração de cerca de uma hora. Apoiadores de Lula começaram a se concentrar em frente à Catedral Diocesana Nossa Senhora da Conceição a partir das 9h.
Ele estava acompanhado de seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do nome do PT ao Governo de São Paulo, Fernando Haddad. O vereador Eduardo Suplicy, eleito deputado estadual, também participou.
Antes de a caminhada começar, ao menos duas vezes um carro com apoiadores de Bolsonaro passou no meio da concentração. O veículo carregava bandeiras do Brasil e uma faixa com o rosto do presidente.
Lula acompanhou o trajeto em cima de uma caminhonete sem proteção no teto e nas laterais —como havia no ato na rua Augusta, na véspera do primeiro turno, e em São Bernardo do Campo, na quinta (6).
Desta vez, o petista, Haddad e Alckmin, além de aliados, fizeram pequenas falas ao longo do trajeto. O ex-presidente chegou a se referir a Bolsonaro como “genocida” e “mentiroso” e tratou de temas como educação, saúde e preços de alimentos e combustíveis. Um cordão de militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) cercou o carro de Lula ao longo do caminho.
Ao final, Lula discursou em um carro de som. Ele voltou a dizer que as pessoas precisam ficar atentas às mentiras que circulam nas redes sociais e criticou a condução do atual governo na pandemia de Covid.
“É preciso ficar muito atento às mentiras que vão chegar no zap [WhatsApp]. Não acreditar e não repassá-las. Conversem com as pessoas. Fale que esse país não pode votar em uma pessoa que não derramou uma lágrima pelas vítimas da Covid.” O petista disse ainda que Bolsonaro “brincou” com a pandemia.