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Marido da prefeita de Porangatu, empresário diz que fechará empresa se Lula vencer
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Publicado em 10/10/2022

O empresário Eronildo Valadares – ex-prefeito e marido da prefeita de Porangatu Vanuza Valadares (Podemos) – disse em áudio que fechará a empresa em 1º de novembro se Lula (PT) for eleito. “Eu falei e já anunciei para todos os funcionários. Dia 1º [de novembro] estará uma faixa de liquidação de estoque, que vai fechar a empresa. Se o Lula ganhar vai fechar empresa”, diz em trecho de áudio repassado ao Mais Goiás.

 

De acordo com ele, todos os funcionários ficaram preocupados com a situação. “Então os funcionários estão todos preocupados, buscando cada um, vendo se convence uma pessoa da família e é isso que temos que estar falando. Nós temos que mostrar para eles o seguinte: se eles querem o emprego, que deem valor em quem arruma o emprego, em quem dá oportunidade para eles trabalharem.”

 

Para o ex-prefeito, caso não seja desta forma, “eles vão ter que procurar o pessoal do PT para arrumar emprego. E também não compro mais de ninguém que seja PT [SIC]. Dono da empresa PT eu não compro. É isso aí, nós temos que tomar essa decisão, pois eu acho que todos os eleitores do Bolsonaro tem potencial de conquistar mais um voto. Se 10% dos eleitores do Bolsonaro conquistar mais um voto, com certeza o Bolsonaro vence as eleições”.

 

Confira o áudio:

O advogado eleitoral Danúbio Remy explica que na esfera trabalhista, cível e criminal é um “crime de assédio moral”. Ele afirma que o direito do trabalho repõe isso com multa, o cível com indenização e o criminal pela coação e ameaça, com tipo penal específico.

 

“No campo de vista eleitoral, entendo como captação ilícita do sufrágio, compra do voto. Oferecimento de benefício para o eleitor em troca de voto. Ele, para favorecer o candidato da preferência dele, está prometendo a permanência ou ameaçando caso não seja eleito.” Danúbio destaca, ainda, que a previsão consta no artigo 30-A da lei 9.504 como captação ilícita do sufrágio ou compra de votos da forma inversa.

 

Advogado do empresário, Manoel Vitor afirma que o cliente dele possui um linguajar rude por não ter escolaridade e não fala em demissão. “Ele diz que comunicou, de forma individual, a decisão dele. Se o PT ganhar, ele vai fechar a loja. Então, os funcionários estão pedindo voto por estarem preocupados, não a mando dele.”

 

Ainda de acordo o advogado, quando ele fala em deixar de comprar com empresários petistas é apenas por questão de afinidade. “Ele já foi candidato e nunca obrigou ninguém a votar nele.”

 

Manoel explica, ainda, que o ex-prefeito não iniciou o diálogo e que quando ele diz que “é isso que temos que estar falando”, não é no sentido de obrigar, mas de informar que os empresários não conseguiriam manter a empresa em um ambiente de esquerda. A empresa de Eronildo é no ramo de construção civil e ele emprega cerca de 30 pessoas.

 

O empresário também se manifestou por nota. Segundo ele, “como empresário do ramo da construção civil e agropecuarista, tenho a obrigação de antecipar e alertar todos que comigo trabalham sobre potenciais riscos que podem interferir fortemente em nossos negócios levando, inclusive, ao fechamento de empresas e desempregos. (…) Todos são e sempre foram livres para expressar seus votos, assim como eu também sou e por isso o faço em favor do presidente Bolsonaro.”

 

Por meio da defesa, o empresário enviou a seguinte nota:

“Em primeiro lugar, gostaria de repudiar as ilações e distorções do áudio em questão, o qual foi realizando em grupo fechado da associação dos produtores de São Felix do Xingu.

 

Estou na vida pública desde 1998, sendo candidato ou diretamente envolvido desde 2002, em todo esse período sou Empresário e Agropecuarista, nunca tendo obrigado qualquer colaborador seguir meus ideais políticos, bem como garantido a liberdade do voto livre e secreto.

 

Quando candidato à reeleição não obriguei qualquer colaborador das minhas empresas ou da administração pública a votar na minha pessoa, em meu áudio deixo bem claro a minha posição política, bem como decisões pessoais, individuais e intransferíveis que compete única e exclusivamente a minha pessoa e ou sociedade que administro.

 

Faço uso da minha liberdade de expressão, bem como dou ciência àqueles que a minha volta precisa tomar suas decisões, em nenhum momento violei qualquer direito individual de escolha ou forcei qualquer tomada de decisão alheia.

 

Como empresário do ramo da construção civil e agropecuarista, tenho a obrigação de antecipar e alertar todos que comigo trabalham sobre potenciais riscos que podem interferir fortemente em nossos negócios levando, inclusive, ao fechamento de empresas e desempregos.

 

Qualquer afirmação diferente disso, não passa de mentiras produzidas com o intuito de tentar desabonar minha reputação e atrapalhar a reflexão que quero que as pessoas tenham nesta que pode ser a eleição mais importante para nossa nação.

 

Todos são e sempre foram livres para expressar seus votos, assim como eu também sou e por isso o faço em favor do presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO.

 

Como democrata e brasileiro, estarei sempre na defesa da liberdade e dos valores que devem ser a base da nossa sociedade.

 

Assinado: Eronildo Lopes Valadares, empresário e agropecuarista.”

 

O Mais Goiás também entrou em contato com o Ministério Público do Trabalho (MPT). O órgão enviou a seguinte nota:

 

“Informamos que este Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO) tomou ciência do caso de um áudio em que foram feitas ameaças a empregados de uma empresa de Porangatu/GO que se recusarem a votar em determinado candidato à presidência da República nas eleições deste ano.

 

Foi então formalizada uma denúncia no órgão, a qual será encaminhada a um procurador do Trabalho.

 

Ela será investigada por meio da solicitação de documentos e até oitiva de testemunhas, se for o caso.

 

Se a ameaça (coação eleitoral) for constatada constatada, este órgão tomará as medidas cabíveis, o que inclui a proposição de um Termo de Ajuste de Conduta ou, se necessário, o ajuizamento de uma ação na Justiça do Trabalho.”

Francisco Costa
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