O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que é necessário ter tanto um olhar para o social, quanto para o fiscal para evitar incertezas e um impacto negativo na inflação.
— A gente precisa ter de um lado um olho para o social, e a gente entende que a pandemia deixou muitas cicatrizes, mas precisa também ter um olho para o equilíbrio fiscal — disse.
Na quinta-feira, a fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que questionava a “tal estabilidade fiscal”, sugerindo priorizar gastos sociais em vez do equilíbrio das contas públicas, impactou negativamente o mercado. O dólar subiu e o Ibovespa teve a queda mais acentuada desde novembro de 2021.
De acordo com Campos Neto, o equilíbrio fiscal evita uma sequência de acontecimentos que podem afetar a geração de emprego e a população mais vulnerável.
— No final das contas se a gente não tiver equilíbrio fiscal e a gente volta para o mundo de incerteza onde a expectativa de inflação sobe, você desorganiza o setor produtivo em termos de investimento e no final quem sofre mais com isso é exatamente a população que você quer ajudar porque você machuca a geração de emprego — afirmou.
Campos Neto também disse que o BC está aberto a trabalhar com o novo governo na transição. Segundo ele, ainda não houve muitos contatos, mas revelou que tem conversado com o economista Pérsio Arida, da equipe de transição, “de tempos em tempos”.
— Obviamente no período de transição é normal que aumente o ruído. A gente tem que esperar e ver como vai ser a consolidação disso e aí a gente vai trabalhar. O Banco Central está aberto para trabalhar com governo novo. Tenho conversado com algumas pessoas, mas ainda bem incipiente, então a gente precisa esperar— disse.