Uma escola particular em São Paulo adotou uma medida para controlar o uso excessivo de celulares pelos alunos: uma pochete que tranca os aparelhos durante o horário escolar, liberando-os apenas ao final das aulas. Essa iniciativa reflete um movimento crescente, tanto no Brasil quanto em outros países, que busca mitigar os prejuízos do uso prolongado do celular para o aprendizado e a saúde mental dos estudantes.
O sistema funciona de forma semelhante às etiquetas antifurtos, com uma trava magnética que só pode ser removida por um dispositivo específico. No caso da escola Alef Peretz, localizada em São Paulo, professores ou funcionários ficam responsáveis por desbloquear a pochete, permitindo o acesso ao celular apenas após o término das aulas.
Essa medida está sendo implementada inicialmente na escola Alef Peretz, seguida pela unidade em Paraisópolis, e foi desenvolvida pela empresa norte-americana Yondr, que busca promover espaços livres de celulares em eventos e instituições educacionais. Nos Estados Unidos, o movimento “phone-free” ganhou força, levando à criação de escolas livres de celulares, visando proteger o ambiente de aprendizado dos alunos dos impactos negativos das distrações proporcionadas pelos dispositivos eletrônicos.
A Alef Peretz é pioneira no Brasil ao adotar essa tecnologia, enfrentando desafios como o custo das pochetes e a adaptação dos alunos ao novo regime, que inclui a proibição do uso de celulares mesmo durante o recreio. A escola espera que essa medida incentive os estudantes a se engajarem em atividades físicas, brincadeiras e interações sociais presenciais, em vez de passarem longos períodos olhando para as telas dos dispositivos.
Presidente da Alef Peretz, Marcelo Davidovici diz que a opção pelo banimento ao aparelho tem a ver com os problemas de foco, atenção e até de memória que têm sido observado nos alunos nos últimos anos. “Uma outra questão séria é a que os algoritmos trazem para a sociabilidade de crianças e jovens”, diz. “Eles os levam a ter problemas de relacionamento porque reforçam o que cada um pensa e, em última instância, fortalecem a ideia de que só conseguem se relacionar consigo mesmos.”
A decisão de trancar o celular com a pochete –e não apenas criar uma regra que proíba o estudante de utilizá-lo– é uma forma de driblar o vício que os aparelhos criaram. “Todos nós sentimos uma compulsão por olhar o celular e ver se tem mensagem nova, alguma novidade nas redes sociais”, diz.