O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que se reunirá com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (3), para discutir a recente alta do dólar. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, também participará do encontro.
“É um absurdo. Obviamente, a subida do dólar me preocupa, mas é uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real. Tenho conversado com as pessoas sobre o que vamos fazer. Estou voltando quarta-feira e teremos essa reunião. Não é normal o que está acontecendo”, afirmou o presidente.
Após dias de viagem por outros estados, Lula retornou a Brasília na noite de ontem. Durante suas visitas, ele concedeu entrevistas a rádios locais e criticou o presidente do Banco Central e a política monetária. Lula reiterou suas preocupações em relação a Roberto Campos Neto, sugerindo que ele tem um viés político.
Recentemente, o presidente mencionou que o preço do dólar tem subido devido a processos de especulação financeira e sugeriu que o Banco Central investigasse essa questão.
A disparada do dólar, que começou em junho, se manteve nos primeiros dias de julho. A moeda atingiu R$ 5,70 nesta terça-feira (2), após ter fechado na segunda-feira a R$ 5,64, maior valor em dois anos e meio. Com isso, a alta acumulada chega a 6,43% em junho e 15,14% no primeiro semestre, o maior salto neste ano entre os países emergentes e também a maior variação ante o real desde 2020.
Embora Lula tenha anunciado a reunião para quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esclareceu que o encontro será exclusivamente para tratar de questões fiscais. “Nossa agenda com o presidente amanhã é exclusivamente fiscal. Aqui na Fazenda, estamos trabalhando em uma agenda fiscal para apresentar propostas para o cumprimento do arcabouço 2024, 2025 e 2026”, afirmou Haddad. Ele também descartou medidas de controle para conter a alta do dólar, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de câmbio.
Questionado pela imprensa sobre o dólar estar em níveis elevados, Haddad atribuiu o fato ao que chamou de “ruídos”. “Atribuo isso a muitos ruídos. Precisamos comunicar melhor os resultados econômicos que o país está alcançando”, explicou.