Durante o evento de lançamento do Plano Safra 2024/25, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, apresentou uma série de argumentos para rebater as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a política monetária e a manutenção da taxa básica de juros (Selic).
Campos Neto destacou que a decisão unânime de manter a Selic foi tomada por quatro conselheiros indicados pelo próprio Lula. Ele também relembrou o aumento significativo das taxas de juros ao longo de 2022, durante o mandato anterior, apontando que foi o maior aumento em ano eleitoral na história de qualquer país emergente.
Razões para a Manutenção da Selic
O presidente do BC atribuiu a manutenção das taxas de juros, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano anterior, a “ruídos” causados pelo desalinhamento entre dados fiscais e expectativas de melhoria econômica. Ele sublinhou a importância de corrigir essas expectativas e melhorar a comunicação para eliminar esses ruídos, enfatizando que a expectativa começou a se ancorar apesar dos dados atuais estarem alinhados com as previsões.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada posteriormente, indicou que não há perspectiva de redução imediata da Selic devido ao cenário econômico adverso externo e à atividade econômica doméstica robusta. A ata reafirmou a necessidade de manter uma política fiscal crível para controlar a inflação.
Em um contexto econômico mais amplo, Campos Neto ressaltou a importância de estabilizar as expectativas de mercado e alinhar a comunicação do Banco Central com os dados econômicos reais. A postura da instituição visa proteger contra possíveis pressões inflacionárias, em um cenário global incerto e uma economia doméstica aquecida.
Divergências e Debate Político
A divergência entre as prioridades políticas do governo federal e a política monetária do Banco Central continuará gerando debates intensos nos próximos meses. Esses debates testarão a independência da autoridade monetária e sua capacidade de manter a estabilidade econômica a longo prazo.
Campos Neto enfatizou que, apesar das críticas e das pressões políticas, o BC deve continuar focado em sua missão de garantir a estabilidade econômica e controlar a inflação, mantendo uma política monetária alinhada com os dados econômicos e as expectativas de mercado.