O renomado jornalista Cláudio Dantas, com duas décadas de experiência no jornalismo, apresentou uma análise crítica sobre o recente relatório de indiciamento da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em seu comentário, Dantas destacou que, apesar do esforço evidente do delegado Fabio Shor, que produziu um documento de 2 mil páginas, a acusação de “desvio de bens de alto valor patrimonial” contra Bolsonaro parece exagerada e politicamente motivada.
Dantas observa que o relatório, repleto de frases de efeito, adjetivações, números, tabelas e fotos, deve ser avaliado com cautela. Ele ressalta que é crucial que todos esses elementos façam sentido e corroborem a tese levantada. “Não me seduzo facilmente por frases de efeito e adjetivações, abundantes no relatório produzido pelo delegado Fabio Shor”, afirmou o jornalista.
O jornalista também questiona a precisão das cifras apresentadas no relatório. Shor inicialmente afirmou que os bens desviados somavam US$ 4,55 milhões, mas posteriormente revisou o valor para cerca de um quarto do montante original: US$ 1.227.725,12. Dantas destaca que, na prática, os assessores do ex-presidente arrecadaram apenas US$ 86 mil com a venda de itens como relógios e um ‘kit ouro branco’, totalizando aproximadamente R$ 478.160,00. “Não se trata de uma soma desprezível, mas está longe de se adequar à tese de ‘desvio de bens de alto valor patrimonial'”, pontuou Dantas.
Dantas argumenta que a abordagem da PF, ao tentar enquadrar Bolsonaro criminalmente, parece desproporcional, especialmente considerando que todos os itens foram recuperados e devolvidos à União. Ele questiona por que a abordagem de infração administrativa adotada no caso de Lula não foi aplicada a Bolsonaro. “Se o ex-presidente resolveu vender seus presentes em vez de dispô-los para uso pessoal, como fez Lula, por que a abordagem de infração administrativa adotada no caso do petista está sendo substituída por acusações de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa?”, indagou o jornalista.