A jornalista do O Globo, Vera Magalhães, conhecida por seu posicionamento esquerdista, criticou duramente as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as eleições na Venezuela. Magalhães afirmou que Lula, ao invés de adotar uma postura prudente diante das alegações de fraude no pleito venezuelano, acabou por demonstrar seu viés pró-Maduro durante uma entrevista.
“Seria cômico, se não fosse lamentável e gravíssimo, que Lula decida culpar a imprensa brasileira (!) por, segundo ele, transformar na ‘Segunda Guerra Mundial’ o que seria um processo ‘normal'”, declarou Magalhães. Ela destacou que, fora de ambientes controlados, Lula não demonstra nenhuma divergência em relação ao PT, que prontamente reconheceu a vitória de Maduro sem a apresentação de provas concretas.
A jornalista criticou a falta de compromisso de Lula com a defesa da democracia, acusando-o de se alinhar incondicionalmente a um regime ditatorial que perpetua mortes, violações de direitos e miséria na Venezuela. Segundo Magalhães, essa postura prejudica a imagem do Brasil tanto internamente quanto no cenário internacional, ao associar o país a uma ditadura.
“Assim, por obra e graça apenas do presidente e de sua sigla, sem que a oposição bolsonarista tenha precisado mover uma palha, Lula internaliza uma crise que de forma alguma deveria ser sua”, afirmou Magalhães. Ela também questionou se Lula estava mal informado ou agiu de improviso ao declarar normalidade na Venezuela, mesmo após notícias de mortes em protestos e perseguições a opositores.
Para Magalhães, o Itamaraty tornou-se um mero reprodutor de notas burocráticas, e o chanceler Mauro Vieira é uma testemunha silenciosa do que é dito por Celso Amorim a um Lula disposto a ouvir que “foi tudo bem” e que Maduro está reeleito. Ela concluiu que, com essa arquitetura, qualquer discurso futuro de Lula louvando a democracia e cobrando déspotas já nasce sem credibilidade.