O comerciante Francisco Canide da Hora, 58 anos, foi indiciado, na última sexta-feira (20), pela morte de Fábio Sabino de Souza, 51, em 14 de setembro, em um condomínio de chácaras em Niquelândia, Norte de Goiás. O homem chegou a ser preso, mas foi liberado após pagamento de fiança de R$ 10 mil.
Francisco, que é marido de uma juíza, foi solto após audiência de custódia em Anápolis, após quitar o débito financeiro com a Justiça. A decisão considerou que o homem era réu primário e não representava ameaça à sociedade.
A vítima teria supostamente invadido a propriedade do suspeito e este o perseguiu, conforme a Polícia Civil. Câmeras de segurança flagraram três pessoas indo até o local do crime, mas somente Francisco foi citado no relatório final do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) da cidade. Uma delas seria um policial militar vizinho do indiciado. Ele e os outros envolvidos não foram confrontados sobre as imagens registradas, conforme O Popular, que teve acesso ao indiciamento.
Segundo o veículo de comunicação, as versões sobre a morte de Fábio são conflitantes. A corporação, inclusive, não chegou a apresentar uma no relatório que foi entregue à Justiça, na última sexta. Contudo, o delegado titular da GIH de Niquelândia, Cassio Arantes do Nascimento, disse que o relato do comerciante em depoimento não procede. Segundo o policial, ele afirmou que foi um acidente, pois ele queria afastar Fábio, mas o gatilho da arma era muito leve, ele se assustou e disparou, quando a vítima foi em sua direção.
Ele cita três pontos contra esse relato:
Uma câmara mostra que Fábio caminhava de forma tranquila na direção oposta à chácara, quando foi perseguido pelo indiciado que segurava a arma escondida nas costas;
Foram dois tiros em intervalo de tempo, o que descarta acidente;
Uma testemunha diz ter ouvido dois disparos quando os dois estavam em uma estrada de terra dentro do condomínio (localizada a 430 m da propriedade).
O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa do comerciante e nem com o delegado.
Contradições
A câmera de segurança teria mostrado que o filho do comerciante foi atrás do pai após ele perseguir Fábio e o levou para casa, mas isso não foi mencionado. Já o policial militar, que também aparece no registro, não revela porque permitiu a fuga de Francisco da cena do crime.
Sobre Fábio, é dito que ele estava na casa de um amigo e tinha ingerido bebida alcoólica, ocasião em que arrumou confusão e passou a noite perambulando pelo condomínio. Sobre a motivação do conflito, o comerciante disse, inicialmente, que a arma era da vítima e que o disparo ocorreu durante uma briga. Depois admitiu que era dele.
Ele também afirmou que Fábio estava agressivo e que ameaçou o neto dele, por isso precisou ser expulso da propriedade. A informação em depoimento é que o homem poderia ser um invasor e ele e o filho temiam pela segurança.
Prisão em 15 de setembro
A prisão aconteceu em 15 de setembro. De acordo com a Polícia Militar (PM), o suspeito confessou ter atirado na vítima. O filho da juíza foi ouvido como testemunha do caso.
Conforme registro da corporação, inicialmente, equipes da PM foram até o local para averiguar um comunicado de desaparecimento. A juíza afirmou no local que o marido, que teria saído com o neto de 9 anos, teria desaparecido.
No entanto, quando os policiais chegaram ao condomínio de chácaras, encontraram um corpo do lado de fora. Testemunhas disseram que ouviram uma discussão e, logo depois, disparos de arma de fogo.
“[A] magistrada recebeu a equipe e informou que seu cônjuge havia saído com o neto e possivelmente teria se envolvido em discussão com alguém […], que teria ouvido disparos de arma de fogo e que muito provavelmente por tal motivo empreendeu fuga do condomínio, o que de fato foi atestado por filmagens das câmeras na entrada/saída do condomínio”, narrou a PM ao G1, à época.
À polícia, a juíza ainda teria dito que não sabia com quem o marido possivelmente teria discutido. O motivo da briga também não foi divulgado.
Naquele momento, segundo a Polícia Civil, o suspeito teria atirado contra a vítima e justificado o crime ao afirmar que ela teria invadido chácara da família.