O economista Gabriel Galípolo iniciou seu mandato como presidente do Banco Central nesta quinta-feira (2), enfrentando desafios significativos, como a desconfiança do mercado e a alta do dólar, que ultrapassou R$ 6. No primeiro pregão do ano, a moeda norte-americana abriu cotada a R$ 6,17 e, em poucos minutos, alcançou R$ 6,22, refletindo a falta de impacto das intervenções cambiais realizadas nos últimos dias de 2024.
A disparada do dólar decorre da incerteza do mercado quanto à sustentabilidade fiscal do país, mesmo após o Congresso aprovar cortes de gastos na semana passada. Em 2024, a moeda americana acumulou uma valorização de 27% frente ao real, maior desvalorização desde 2020. No último mês do ano passado, o Banco Central realizou nove leilões cambiais, consumindo cerca de 5% das reservas internacionais. Essas intervenções, porém, mostraram-se insuficientes para conter a escalada.
Além disso, o déficit primário consolidado do setor público, encerrado em novembro, atingiu 1,65% do PIB, aumentando as preocupações sobre a economia brasileira. Analistas apontam que um dos principais desafios de Galípolo será demonstrar a independência do BC em relação ao governo federal, após tentativas frustradas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de acalmar o mercado por meio de declarações no final de 2024.