O governo da Venezuela ordenou nesta sexta-feira, 10, o fechamento da fronteira com a Colômbia, poucas horas antes da posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato presidencial. A medida, que atinge a principal entrada terrestre no país, ocorre em meio à promessa do líder opositor Edmundo González de retornar à Venezuela para tentar impedir o chavista de continuar no poder. A fronteira com o Brasil, no entanto, permanece aberta.
O governador do Estado venezuelano de Táchira, Freddy Bernal, justificou o fechamento citando uma “conspiração internacional” contra o governo. “Temos informações de uma conspiração para perturbar a paz dos venezuelanos. Por instruções do presidente Nicolás Maduro, a fronteira com a Colômbia será fechada das 5h de hoje até as 5h de segunda-feira”, declarou Bernal.
Na véspera, a líder opositora María Corina Machado foi temporariamente detida após participar de um protesto em Caracas. Segundo denúncias da oposição, agentes do regime chavista cercaram o local onde ela estava com pelo menos 17 motocicletas. Machado, que estava na clandestinidade há meses, reapareceu nos protestos de quinta-feira no bairro de Chacao, no leste da capital.
“Estou bem, estou segura. Saímos para uma concentração maravilhosa e me perseguiram. Deixei cair minha carteira na rua, mas estou viva e salva. A Venezuela será livre”, disse Machado em vídeo divulgado após o incidente. O governo nega qualquer envolvimento. Diosdado Cabello, ministro do Interior e Justiça e número dois do chavismo, classificou as acusações como “invenção” e “mentira”.
Maduro foi declarado vencedor das eleições de julho, marcadas por denúncias de fraude. Atas eleitorais reunidas pela oposição, e verificadas por centros de monitoramento e veículos de imprensa internacional, indicaram uma vitória de Edmundo González por ampla margem. Mesmo assim, o ditador se prepara para assumir mais um mandato.
Analistas apontam que a oposição enfrenta dificuldades para mobilizar a população, como demonstrado pelas manifestações de apoio a González na quinta-feira, que tiveram menor adesão do que o esperado. Apesar do cenário de repressão, González promete retornar ao país, aumentando a tensão em torno da posse de Maduro.
A Venezuela vive uma prolongada crise política e econômica. O fechamento da fronteira é parte de uma estratégia habitual do chavismo para lidar com momentos de instabilidade, frequentemente atribuídos a supostas conspirações externas. No entanto, os desafios internos, como a falta de credibilidade nas instituições e as divisões entre os opositores, dificultam a construção de um caminho para a transição democrática.