O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (20) que o Brasil e outros países da América Latina dependem mais dos Estados Unidos do que o contrário: “Brasileiros precisam mais de nós; nós não precisamos deles”. A declaração foi dada durante uma entrevista no Salão Oval da Casa Branca, no mesmo dia em que Trump assinou seus primeiros decretos após tomar posse como presidente.
Ao ser questionado sobre como pretende conduzir as relações com o Brasil e com a América Latina, Trump disse que a parceria deve ser “ótima”, mas destacou que os países da região dependem mais dos EUA.
Trump: ‘Agora só existem dois gêneros: masculino e feminino’
“[A relação é] ótima, deve ser ótima. Eles precisam da gente muito mais do que precisamos deles. Nós não precisamos deles, eles precisam de nós. Todos precisam de nós”, declarou o republicano.
A expectativa é que o novo governo norte-americano adote uma postura mais rígida em relação ao Brasil, incluindo a possibilidade de novas tarifas sobre produtos brasileiros e medidas para conter iniciativas do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, como a criação de uma moeda própria para substituir o dólar em transações internacionais.
Papel do Brasil na guerra da Ucrânia
Trump também comentou a atuação do Brasil nas negociações pela paz na guerra entre Rússia e Ucrânia, mediadas pelo presidente Lula (PT). O político demonstrou surpresa e conhecimento limitado sobre o envolvimento brasileiro no conflito.
“Isso é bom. Estou pronto. [Mas] Como o Brasil se envolveu nisso? É novo para mim, não sei como o Brasil ficou envolvido”, disse.
Após posse, Trump anuncia que vai perdoar os envolvidos no ataque ao Capitólio
Desde 2023, Lula busca se consolidar como mediador do conflito, articulando com a China um plano de cessar-fogo que inclui uma conferência internacional com Rússia e Ucrânia. Contudo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já declarou que a postura do líder brasileiro não é imparcial.
Em agosto de 2024, Zelensky afirmou que a alegada neutralidade de Lula é desonesta com os ucranianos e com o povo brasileiro. “Isso é apenas retórica política. Não é uma fala honesta. Não é honesta nem conosco nem com o povo brasileiro. Porque todo mundo sabe quem iniciou essa guerra”, disse o líder ucraniano.
Zelensky também destacou que países como Brasil e China deveriam condenar a postura da Rússia, que ele classificou como colonialista. “Temos que defender a Carta das Nações Unidas e garantir o nosso direito – o direito da Ucrânia – à integridade territorial e à soberania, tal como fazemos com qualquer outra nação”, pontuou.
