O youtuber Felipe Neto surpreendeu seus seguidores nesta quinta-feira (3) ao anunciar, por vídeo, sua pré-candidatura à Presidência da República nas eleições de 2026. O anúncio, feito em suas redes sociais, veio carregado de linguagem performática, típica do seu conteúdo, e imediatamente dividiu a opinião pública entre quem achou ousado, quem achou cômico e quem apenas rolou os olhos.
“Quero ser presidente porque, embora seja um homem de fora da política, possuo a maior arma do nosso tempo: o uso das redes”, afirmou, como se o algoritmo fosse política pública e o engajamento, um plano de governo.
Felipe Neto também justificou seu afastamento dos debates políticos nos últimos meses como parte de um “retiro estratégico” para ganhar perspectiva. “Eu precisava ter um olhar de fora”, disse. “Baseio minhas opiniões no domínio da informação e no meu maior anseio de ser um guardião da verdade”, completou, sem deixar claro o que isso significa em termos de programa político, alianças ou governabilidade.
O influenciador não apresentou partido, coligação, propostas ou equipe. Mas já prometeu o lançamento de uma nova rede social própria, um movimento que reforça a leitura de que sua empreitada presidencial pode estar, no mínimo, misturando ambição política com estratégia de branding.
Felipe Neto se junta a uma lista cada vez maior de figuras públicas que tentam converter capital simbólico digital em poder institucional real. A diferença? Ao contrário de outros outsiders, Neto nunca ocupou cargo eletivo, nem atuou nos bastidores da política tradicional — seu histórico de militância é intermitente, muitas vezes polarizado entre embates com bolsonaristas e campanhas de opinião no Twitter.
Nas redes sociais, o anúncio repercutiu mais como entretenimento do que como movimentação séria de pré-campanha. Enquanto apoiadores celebraram a “coragem”, críticos apontaram para a superficialidade do discurso e a ausência total de consistência técnica ou política. Alguns lembraram que o Brasil já viu o filme do outsider midiático antes — e ele não teve final feliz.
Outros, com mais sarcasmo, lembraram que se há algo mais imprevisível do que o Congresso Nacional, é um feed de Instagram tentando resolver a inflação.

Política não é thumbnail
Felipe Neto afirma que não age por vaidade, mas o anúncio não escapou da estética típica de seus vídeos: fundo escuro, foco dramático, frases de efeito e linguagem direta ao fã. Um detalhe importante: a candidatura à Presidência da República exige filiação partidária — algo que, até agora, Neto não indicou ter feito.
Sem equipe política, sem estrutura partidária e sem propostas concretas, sua entrada na corrida presidencial parece mais, por enquanto, um manifesto de intenção do que um movimento viável. Se é marketing, provocação ou ambição genuína, os próximos meses dirão.