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Após ser denunciado pela PGR, Juscelino Filho expõe desgaste político no governo Lula
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 09/04/2025 12:46
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O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), oficializou na noite desta terça-feira (8) seu pedido de demissão do cargo, após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. A saída vem em meio à pressão crescente por sua exoneração, após denúncias envolvendo desvio de emendas parlamentares para beneficiar obras em sua cidade natal, Vitorino Freire (MA), onde a irmã do ministro, Luanna Rezende, era prefeita.

 

Juscelino optou por romper o silêncio com uma nota pública de tom político e emocional, na qual afirma deixar o cargo “com a cabeça erguida” e sob a justificativa de “proteger o projeto de país” encampado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem prestou agradecimentos pessoais.

 

 

“As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá”, declarou o agora ex-ministro.

 

O caso que levou à queda do ministro gira em torno de um suposto esquema de desvio de verbas públicas. A denúncia da PGR se baseia em investigação da Polícia Federal, que apontou o uso de emendas parlamentares para a execução de obras superfaturadas em Vitorino Freire, com contratos suspeitos de terem sido direcionados para beneficiar empresas ligadas ao empresário Eduardo DP, investigado por operar como sócio oculto em licitações.

 

As obras — em tese voltadas à pavimentação de ruas — teriam gerado prejuízo milionário aos cofres públicos e envolvimento direto de Juscelino, que atuava como deputado federal na época da indicação das emendas.

 

A decisão de pedir demissão partiu do próprio Juscelino e foi acertada para evitar um desgaste ainda maior ao presidente Lula, que se encontrava em missão oficial em Honduras. A movimentação teve o cuidado de evitar um gesto público de afastamento por parte do Planalto, permitindo que o ministro “saísse por conta própria”, com ares de gesto nobre.

 

 

Em 2023, Lula havia afirmado que afastaria qualquer ministro denunciado formalmente — algo que foi constantemente cobrado por parlamentares e pela opinião pública nas últimas semanas. Ao manter Juscelino no cargo mesmo após o indiciamento, o governo enfrentava crescente desconforto dentro da base aliada e no Congresso.

 

Na nota divulgada, Juscelino fez questão de apresentar um balanço de sua passagem pelo ministério, destacando projetos como:

 

 

Conexão de 138 mil escolas públicas com banda larga;

 

 

Liberação do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), parado há duas décadas;

 

Distribuição de 56 mil computadores em comunidades carentes;

 

Implantação de 12 mil km de fibra óptica na Amazônia;

 

Implementação da nova TV 3.0.

 

Apesar do tom otimista, a queda do ministro deve ser interpretada como mais um ruído político dentro do União Brasil, partido que participa da base do governo mas abriga alas resistentes ao petismo. A sigla, agora, tenta manter a pasta das Comunicações sob sua influência, mesmo após o desgaste provocado pelo escândalo.

 

Juscelino retorna à Câmara dos Deputados, onde retomará seu mandato pelo Maranhão, agora sob o peso de uma denúncia formal e de uma crise política que ameaça seu futuro na vida pública.

 

Leia a íntegra do posicionamento:

 

 

“Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando.”

 

“Nos últimos dois anos e quatro meses, vivi a missão mais desafiadora — e, ao mesmo tempo, mais bonita — da minha vida pública: ajudar a conectar os brasileiros e unir o Brasil. Trabalhar por um país onde a inclusão digital não seja privilégio, mas direito. Levar internet onde antes só havia isolamento. Criar oportunidades onde só havia ausência do Estado.”

 

 

“Tive o apoio incondicional do presidente Lula. Um líder a quem admiro profundamente e que sempre me garantiu liberdade e respaldo para trabalhar com autonomia e coragem. Nunca tive apego ao cargo, mas sempre tive paixão pela possibilidade de transformar a vida das pessoas — especialmente das que mais precisam.”

 

“A decisão de sair agora também é um gesto de respeito ao governo e ao povo brasileiro. Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá!”

 

 

“Retomarei meu mandato de deputado federal pelo Maranhão, de onde seguirei lutando pelo Brasil. Com o mesmo compromisso, a mesma energia e ainda mais fé.”

 

“Saio do Ministério com a cabeça erguida e o sentimento de dever cumprido. O Brasil está em outro patamar. Estamos levando banda larga a 138 mil escolas, destravamos o Fust – que estava parado há mais de duas décadas – para investimento de mais de R$ 3 bilhões em projetos de inclusão digital, entregamos mais de 56 mil computadores em comunidades carentes, estamos conectando a Amazônia com 12 mil km de fibra óptica submersa e deixamos pronta a TV 3.0, que vai revolucionar a televisão aberta no país.”

 

 

“É esse legado que deixo. E é com ele que sigo, de pé, lutando por justiça, pela democracia e pelo povo brasileiro.”

 

“Meu agradecimento a toda a minha equipe, ao presidente Lula, mais uma vez, ao meu partido União Brasil e, em especial, ao povo do Maranhão que me escolheu para ser seu representante na vida pública. Me orgulha muito ser maranhense e poder ter contribuído com meu Estado e meu País.”

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