O presidente da China Xi Jinping fez nesta sexta-feira (11) sua primeira declaração pública sobre o tarifaço de Donald Trump. Ele afirmou que a China “nunca dependeu de favores alheios e jamais se intimidou diante de qualquer repressão injusta”. Foi a primeira vez que Xi se manifestou sobre o tema desde que Trump assinou, em 1° de fevereiro, a ordem executiva que impôs uma tarifa de 10% sobre produtos chineses.
Sem citar diretamente os Estados Unidos ou o ex-presidente Trump, Xi Jinping fez um apelo à União Europeia para “resistir conjuntamente à intimidação unilateral”. Segundo ele, o desenvolvimento da China nos últimos 70 anos sempre se baseou na “autossuficiência e no trabalho árduo e incansável”.
Após cortes de Donald Trump, meio milhão de crianças podem morrer de Aids até 2030
A fala não ocorreu em um pronunciamento formal, mas durante uma reunião em Pequim com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. O gesto pode indicar como o governo chinês pretende se posicionar diante das recentes medidas protecionistas da administração Trump.
Durante o encontro, Xi Jinping ressaltou que “não haverá vencedores em uma guerra tarifária” e que “ir contra o mundo significa se isolar”. A declaração está em sintonia com falas anteriores de porta-vozes do governo chinês desde o início da imposição de tarifas pelos EUA.
O presidente também afirmou que China e UE devem “salvaguardar conjuntamente a tendência da globalização econômica e o ambiente do comércio internacional”. Ele defendeu que ambas as partes protejam “não apenas seus próprios direitos e interesses legítimos, mas também a equidade e a justiça internacionais”.
Tarcísio elogia postura de Lula diante do tarifaço de Donald Trump; leia
Xi ainda reforçou a importância das chamadas “quatro parcerias” entre China e União Europeia: paz, crescimento, reforma e civilização — uma proposta apresentada por ele mesmo em 2014. Dez anos depois, em 2024, o país asiático segue como o terceiro maior destino das exportações do bloco europeu, com 8,3%, atrás apenas dos Estados Unidos (20,6%) e do Reino Unido (13,2%).
Enquanto isso, a visita de Pedro Sánchez à China incluiu encontros com empresas dos setores automobilístico, baterias e energias renováveis, com o objetivo de atrair investimentos chineses para a Espanha.
Nos bastidores, a expectativa de Trump é de que a China tome a iniciativa e entre em contato com a Casa Branca. Segundo a CNN, o ex-presidente acredita que a retaliação chinesa abre espaço para negociação. No entanto, o tom adotado por Xi Jinping indica que o gigante asiático não pretende se curvar às condições impostas por Donald Trump.
