
O que deveria ser mais um compromisso protocolar da visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à França acabou virando manchete pelas razões erradas. Durante a inauguração de uma instalação do artista brasileiro Ernesto Neto, no Grand Palais Éphémère, em Paris, nesta sexta-feira (6), Lula protagonizou uma cena inusitada – e constrangedora – ao tirar os sapatos, soltar o paletó e, com as mãos apoiadas no chão, tentar reproduzir um movimento da performance artística apresentada no local.
A cena, que rapidamente ganhou as redes sociais, ocorreu diante do presidente francês Emmanuel Macron e uma comitiva de ministros e diplomatas dos dois países. Enquanto o performer subia em silêncio sobre o palco branco da instalação, Lula, de terno amarrotado e meias pretas, ensaiava uma espécie de contorção corporal que confundiu boa parte dos presentes. Entre o espanto e a perplexidade, restou à comitiva francesa observar em silêncio o momento improvisado do líder brasileiro.
Mais tarde, tentando controlar os danos, a assessoria de Lula divulgou que o gesto fazia parte da proposta da obra, que convida o público a deitar no palco e observar os acrobatas no teto. O presidente, segundo a nota, apenas “seguiu a dinâmica da experiência artística”. Fato é que, enquanto observadores estrangeiros mantinham o decoro esperado em uma cerimônia diplomática, o chefe de Estado brasileiro protagonizava um espetáculo que passou longe de qualquer alinhamento coreográfico – e mais perto do vexame.
A performance ocorreu durante a agenda oficial do presidente na França, iniciada na quarta-feira (4), e que incluiu, entre outros compromissos, uma reunião bilateral com Macron para tratar de temas comerciais, como o acordo entre Mercosul e União Europeia. Lula, que assumirá a presidência rotativa do Mercosul em julho, tem insistido na conclusão do tratado e chegou a dizer que “não deixará a presidência sem que o acordo esteja assinado”.
Para um evento de alto nível diplomático, em plena Paris, o presidente brasileiro cruzou uma linha tênue entre a espontaneidade e o constrangimento internacional.
