Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal e filho de Jair Bolsonaro (sem partido), defendeu nesta quarta-feira (27) os gastos do governo federal com alimentos, mas citou somente o leite condensado, que virou tema de memes desde terça. Segundo ele, o produto “foi escolhido por ter virado de certa maneira uma marca do Presidente, presente até em seu café da manhã com John Bolton em sua residência no Rio durante a transição em 2018”.
O deputado afirmou também que a maior parte da compra de leite condensado foi endereçada ao Ministério da Defesa, e que o produto é “indicado a quem faz muitas atividades físicas e serve de base para a elaboração de vários outros alimentos comuns a mesa dos brasileiros como bolos”.
Os gastos alimentícios do governo federal somaram mais de R$ 1,8 bilhão em 2020, conforme mostrou o jornal Metrópoles. Além dos R$ 15 milhões gastos com leite condensado, R$ 2,2 milhões pagos em chicletes e R$ 32,7 milhões em pizza e refrigerante. O total gasto em alimentos em 2020 é 20% maior que em 2019.
2) O produto foi escolhido por ter virado de certa maneira uma marca do Presidente, presente até em seu café da manhã com NSC John Bolton em sua residência no Rio durante a transição em 2018. pic.twitter.com/dUzBAQHwDN
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) January 27, 2021
Eduardo alegou também que nem todo dinheiro investido em leite condensado foi para o presidente. De acordo com o deputado, dos R$ 15,6 milhões, ao todo R$ 14,2 milhões (91%) foram para o Ministério da Defesa. O restante, R$ 1,4 milhão, teria sido investido em leite condensado para outros setores do governo, de acordo com Eduardo.
Em relação aos R$ 14,2 milhões do Ministério da Defesa, Eduardo afirmou que as Forças Armadas têm um efetivo de 334 mil pessoas, que consumiriam mais de 6.500 latas de leite condensado por dia. Segundo o deputado, é “algo bem razoável” para a tropa.
5) …vide ainda que o item é um produto calórico indicado a quem faz muitas atividades físicas e serve de base para a elaboração de vários outros alimentos comuns a mesa dos brasileiros como bolos.
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) January 27, 2021
O deputado criticou ainda políticos de oposição que se manifestaram sobre o caso, como a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) e o ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT).
6) Assim,sem apontar qualquer suspeita de desvio ou superfaturamento,os afoitos que já pediam o impeachment de um presidente honesto por esta informação disponível no portal da transparência do governo,parece q de fato algo está faltando a eles sim: a teta que estavam acostumados pic.twitter.com/L1NdeKubAa
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) January 27, 2021
Eduardo não explicou outros gastos do governo federal que geraram críticas da oposição. Parlamentares formalizaram uma representação no TCU (Tribunal de Contas da União) pedindo a abertura de investigação sobre as compras do Executivo. Um documento protocolado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) argumenta que o aumento das despesas fere o princípio da moralidade administrativa.
“Em meio a uma grave crise econômica e sanitária, o aumento de gastos é absolutamente preocupante, tanto pelo acréscimo de despesas como pelo caráter supérfluo de muitos dos gêneros alimentícios mencionados”, diz um trecho da representação.
Representantes do PSOL, o deputado David Miranda (RJ) e as deputadas Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim e Vivi Reis (PA) protocolaram uma ação para que o procurador-geral da República, Augusto Aras, abra investigação sobre os gastos de R$ 1,8 bilhão.
(Com Estadão Conteúdo)