Camila Pitanga, 44, é categórica ao ser questionada se os artistas devem se posicionar politicamente: “Não existe isenção nos dias de hoje. Não existe”, afirma. “Você ficar em cima do muro e não falar nada é uma posição”, completa.
Com a lentidão na vacinação, os mais de 500 mil mortos pela Covid no Brasil e a crise do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), artistas têm sido cobrados nas redes sociais a se manifestarem. A atriz Samantha Schmütz, 42, por exemplo, se tornou uma voz conhecida, e cobrou colegas como Juliana Paes, 42.
Pitanga faz parte dos artistas que sempre fizeram questão de opinar sobre política e declarar seu voto. O assunto é familiar, já que a atriz é enteada da deputada federal Benedita da Silva (PT), casada com o seu pai, Antonio Pitanga, desde 1992.
Nas eleições presidenciais de 2018, Camila Pitanga participou do movimento #EleNão, contra o voto em Bolsonaro. No momento atual, diz ela, é ainda mais importante que os artistas se manifestem contra as políticas do atual governo. “Acho que não só os artistas. Qualquer cidadão é necessário se manifestar, porque a gente está entre a vida e a morte.”
“Não se manifestar é não enxergar esse descalabro de mortes que a gente está tendo no Brasil”, acrescenta. A atriz recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no dia 1º de julho e compartilhou o momento no seu perfil oficial no Instagram. Na imagem, aparece empunhando um cartaz com as frases “Viva a ciência” e #ForaBolsonaro”.
“A gente precisa lutar pelo SUS, a gente precisa lutar pela ciência, e a gente precisa lutar por uma política partidária que respeite o povo brasileiro. E isso só vai acontecer se a gente ir para a rua, não tem outro jeito”, diz ela. Pitanga afirma que não se juntou às manifestações contra o presidente do último sábado (3), porque estava viajando para São Paulo.
“Tem sido muito bonito o movimento, e muito importante. A gente tem que entender que nós não estamos sós nessa luta, que a gente se reconhecer nas ruas é muito importante.” Ao ser indagada sobre os haters ou as críticas que recebe por se manifestar contra o atual governo, ela diz que prefere não dar “espaço para eles na entrevista”.
Camila Pitanga está terminando as gravações da segunda temporada de “Aruanas”, série que estreou primeiro no Globoplay em 2019, e foi exibida ano passado na Globo. A produção mostra ativistas da ONG de mesmo nome que se arriscam para defender a preservação da Amazônia no Brasil.
“Dar para o público comum a chance de poder compreender quais as condições desse risco, o que está em jogo, o que faz essas pessoas, mulheres e homens, despojarem das suas próprias situações de privilégio para lutar por uma causa, a causa ambiental, é importantíssimo.”
A personagem dela é o oposto de tudo isso. Camila Pitanga interpreta a vilã Olga, uma lobista que ajuda Miguel (Luiz Carlos Vasconcelos), dono de uma das maiores mineradoras do país, em seus projetos ilegais nos garimpos.
“Na primeira temporada, a gente via ela no trabalho como estrategista, como ponta de lança nas articulações políticas e econômicas no duelo com as Aruanas. Agora, a gente vai poder entender quem é a Olga, qual é o calcanhar de Aquiles da Olga, onde ela vai pisar em falso”, diz. “É bem interessante, estou feliz com essa segunda temporada”, destaca.
A atriz também celebra a reprise de “Paraíso Tropical” no canal Viva. A prostituta Bebel é uma das personagens mais marcantes de sua carreira. E, ao lado de Olavo, vivido por Wagner Moura, roubou a cena na trama.
“A Bebel queria mesmo o dinheiro dele, e ele só queria o corpo dela. Eles eram babacas um com o outro. Só que no pano de fundo, havia um tesão e um amor real entre eles, que foi ganhando corpo, ganhando terreno e foi se tornando essa coisa engraçada.”
“Virou uma comédia romântica. Os dois viraram dois clows, dois palhaços”, complementa Camila Pitanga sobre a trama.