O governo federal ainda resiste em colocar crianças na campanha de vacinação contra Covid. Isso acontece mesmo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sociedades médicas brasileiras e a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI Covid-19) recomendaram a inclusão do grupo pediátrico na campanha.
Na última segunda-feira (21/12), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, indicou, mais uma vez, que não tem pressa para iniciar a imunização de crianças de 5 a 11 anos contra o novo coronavírus. Para corroborar com a sua decisão, ele afirmou que “a pressa é inimiga da perfeição”.
O ministro ainda pontuou que a decisão precisa ser tomada sem pressa, mesmo após dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid indicarem que quase 1,5 mil crianças morreram da doença desde o início da pandemia até o último dia 6 de dezembro. Desse total, 301 foram de crianças que têm entre 5 a 11 anos. “Os pais terão a resposta no momento certo, sem açodamento. É necessário fazer análise técnica”, afirmou.
Governo menospreza óbitos infantis de Covid
Marcelo Queiroga ainda menosprezou o número de mortes de crianças causadas pela Covid. Segundo ele, o número de óbitos pela doença no grupo é pequeno. “O principal é a segurança. No ano de 2021, considerando o pico, quando houve 4 mil óbitos, crianças de 5 a 11 anos (foram) menos de 150. Não que eu esteja menosprezando, cada vida é importante”, disse.
Em contraponto, a CTAI Covid-19 já deixou evidente que a vacina da Pfizer para crianças traz mais benefícios do que riscos. “O CTAI-Covid-19 espera que o Ministério da Saúde acate o posicionamento e defina as estratégias para viabilizar a vacinação do grupo etário no menor tempo possível”, afirmou.
Apesar disso, o governo ainda conta com uma carta na manda após o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), acatar a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU) de prorrogar para o próximo dia 5 de janeiro para que Saúde apresente um plano de imunização para o público.
Antes, o prazo que estava vigente era 48 horas para que o governo se manifestasse para a inclusão das crianças no Plano Nacional de Imunização.