Em meio à disputa pelo voto do jovem eleitorado nas eleições de outubro e o final do prazo para jovens emitirem o primeiro título de eleitor nesta quarta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, até esta quarta-feira, dia 4, foram registrados 2.042.817 milhões de novos eleitores entre 16 e 17 anos. Os novos alistamentos compreendem o período entre janeiro e abril de 2022, e representam um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018 e de 57,4 % em relação a 2014. Os números foram obtidos previamente pelo GLOBO, e confirmados pelo presidente da Corte, Edson Fachin, em sessão na manhã desta quinta-feira.
A título de comparação, em 2018 o TSE registrou, entre janeiro e abril, 1.387.765 milhão de novos eleitores jovens. Em 2014, este número foi de 1.297.130 milhão de novos eleitores jovens.
— A juventude brasileira foi convocada a participar das eleições em outubro e a resposta foi impressionante. Bom lembrar que a Justiça Eleitoral sempre realiza campanhas de conscientização e incentivo ao eleitorado como um todo, em especial aos jovens, por meio da mídia e nas escolas. Neste ano, pela primeira vez, a campanha contou com a adesão espontânea de artistas e influenciadores, que dialogam diretamente com esse eleitorado. O que vimos foi a sociedade brasileira mobilizada pela democracia, dos 8 aos 80 ninguém disse não — disse Fachin.
O presidente do TSE ainda acrescentou:
— Vimos, como há muito não se via, um país unido pelo bem e fortalecimento da democracia. Por isso, agradeço a cada um, influenciador ou não, famoso ou não, brasileiro ou não, jovem ou não, que criou conteúdos nas redes sociais para chamar a atenção de todos para a regularização do título. Houve também aqueles que foram além do virtual e disponibilizaram conhecimento, tempo, computadores e acesso à internet para viabilizar o atendimento remoto de tantos que precisam de ajuda.
De acordo com a estimativa do TSE, muitos requerimentos ainda precisam ser analisados e a totalização desses números, com a análise de perfil dos eleitores — sexo, idade, região — só ficará pronta em julho.
Apesar dos números preliminares, que dão uma prova da procura pelo título de eleitor por parte dos jovens, o TSE lembra que todos os dados de 2022 ainda vão mudar. Isso porque cadastro só se consolida após as Zonas Eleitorais tratarem todos os requerimentos que foram feitos nos últimos dias.
A campanha pelo alistamento de jovens e regularização dos títulos fez com que o sistema da Corte eleitoral registrasse um recorde de cadastros. O TSE informou que nos últimos 31 dias atendeu 8.553.519 milhões de pedidos de atendimento envolvendo a situação eleitoral. Além disso, o voto de pessoas com 16 e 17 anos caiu na disputa das pré-campanhas dos principais candidatos à presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os títulos de eleitor dos jovens chegaram a ser alvo de um pedido feito por parlamentares — de oposição e do governo — para ampliar o prazo de emissão, regularização ou transferência do título de eleitor.
O requerimento foi assinado pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e pelos deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Felipe Rigoni (União Brasil-ES), que davam como justificativa a instabilidade no site do TSE causada pelo grande número de acessos. Fachin, no entanto, negou a solicitação.
Na segunda-feira, o site do TSE chegou a ficar fora do ar em alguns momentos devido ao grande número de acessos ao sistema do e-título. De acordo com a Corte, somente até as 17h foram realizados 431 mil atendimentos.
Com a instabilidade do sistema do TSE, os parlamentares enviaram ofício a Fachin para solicitar a extensão do prazo para emitir ou regularizar o documento. Os portais e sistemas da Justiça Eleitoral apresentaram instabilidade devido ao alto número de acessos. O pedido, contudo, foi negado pelo ministro.
A suspensão dos procedimentos de inscrição eleitoral ou transferência nos 150 dias que antecedem as eleições está prevista na Lei das Eleições.
Anitta e Di Caprio
A campanha pelo alistamento do jovem eleitorado também passou a ser alvo de uma campanha nas redes sociais liderada por artistas brasileiros e internacionais. Nos últimos dias, a cantora Anitta e o ator norte-americano Leonardo Di Caprio usaram seus perfis para incentivar os brasileiros a tirarem o título de eleitor.
Na terça-feira, Anitta contou no Twitter que “passou horas” conversando com Leonardo DiCaprio sobre eleições no Brasil durante o baile Met Gala.
“Ontem eu passei horassss com o @LeoDiCaprio falando sobre a importância dos jovens tirarem seu título de eleitor. Está na reta final. Vocês sabiam que ele sabe mais sobre a importância da nossa floresta Amazônica do que o presidente do Brasil? Pois sabe”, começa a série de tweets.
DiCaprio já tinha se manifestado nas redes sociais, na última sexta (29), reforçando o pedido para jovens entre 16 e 17 anos tirarem o título de eleitor.
“O Brasil é o lar da Amazônia e outros ecossistemas críticos para as mudanças climáticas. O que acontece lá importa para todos nós e votação entre jovens é chave em motivar mudanças por um planeta saudável”, escreveu em inglês.
O ator americano Mark Ruffalo também entrou em franca campanha nas redes sociais (inclusive com posts em português) para os jovens brasileiros tirarem o título de eleitor.
No dia 11 de julho, o TSE divulgará o número oficial de eleitores considerados aptos a votar nas eleições de 2022, e entre 5 de julho e 3 de agosto, os juízes eleitorais deverão nomear os eleitores que serão mesários e darão apoio logístico nos locais de votação.