O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, foi exonerado nesta quarta-feira (11). Para o posto, que é o segundo mais importante da pasta, o presidente Jair Bolsonaro (PL) nomeou Daniel Pereira, que era assessor especial do ministro Marcelo Queiroga.
Segundo o Diário Oficial da União, a exoneração ocorreu a pedido de Cruz. Ele é servidor da Economia e avalia assumir um posto em associação da indústria farmacêutica, dizem integrantes do governo.
Pereira é servidor de carreira da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), órgão em que foi diretor-adjunto de Desenvolvimento Setorial e coordenador de Ajuste de Conduta.
Em abril, ele foi aprovado pelo Senado, com 38 votos favoráveis e 5 contrários, para uma vaga de diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), função que deve assumir no fim de julho. Assim, a tendência é que assuma de maneira provisória o segundo cargo mais importante do ministério.
O novo secretário-executivo da Saúde chegou a ser mencionado durante a CPI da Covid. Congressistas lembraram um episódio de 2020, quando ele era diretor-adjunto na ANS e participou do processo de contratação para a agência de uma filha de Braga Netto, ex-ministro da Defesa e possível candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.
Após repercussão negativa, o processo de contratação foi interrompido.
O Sinagências (Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação) questionou, à época, o governo sobre possível nepotismo cruzado. Isso porque Pereira é irmão de Thiago Meirelles, então secretário-executivo da Casa Civil quando a contratação estava em discussão. A pasta estava sob comando de Braga Netto naquele momento.
O irmão de Daniel Pereira hoje atua no Planalto como subchefe de Articulação e Monitoramento.
Já Cruz foi secretário-executivo adjunto do Ministério da Infraestrutura antes de mudar de posição no governo. Ele era um dos homens de confiança de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que deixou a chefia da pasta da Infraestrutura para disputar o governo de São Paulo com o apoio de Bolsonaro.
A Comissão de Ética Pública da Presidência não exigiu o período de quarentena de Cruz após a passagem pelo governo, segundo decisão do fim de abril.
O colegiado, porém, decidiu que ele fica proibido “de atuar perante o Ministério da Saúde e seus órgãos e entidades vinculadas, no período de 6 meses após o cargo”. Também o vetou de “divulgar ou fazer uso de eventuais informações privilegiadas que tenham sido acessadas em razão do cargo”.
Foi o próprio ex-ministro que o indicou para a equipe de transição da Saúde depois da saída do general Eduardo Pazuello da pasta.
Cruz ficou conhecido no governo por ter coordenado a operação para trazer 960 toneladas de máscaras, testes e insumos da China no início da pandemia, em 44 voos realizados a partir de abril de 2020.
Assim, desde o início da pandemia da Covid-19, tornou-se referência na Infraestrutura na interlocução com entidades civis e o setor privado na busca de soluções logísticas para importação de insumos relacionados ao combate da pandemia.
Engenheiro civil e ambiental pela UnB (Universidade de Brasília, 2005), Cruz também tem graduação em direito pelo Uniceub (Centro Universitário de Brasília, 2007) e mestrado e doutorado em engenharia de transportes da UnB.