Pelas contas do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que liderou a criação do teto de gastos em 2016, a PEC que institui o estado de emergência para liberar bilhões em benefícios antes da eleição não deve ajudar Bolsonaro a ganhar muitos pontos com o eleitorado.
Na opinião dele, o efeito vai ser pequeno porque a manobra gera inflação e desconfiança. “A inflação causa erosão no eventual ganho daquelas pessoas que recebem o auxílio e também no rendimento daqueles que não recebem o auxílio”, afirma.
Para Meirelles, já não há mais tempo para o que devia ter sido feito.
“Se o governo quer gastar um pouco mais, seja em despesas sociais, seja em infraestrutura, que não é o caso, a solução é muito simples. Faz a reforma administrativa, corta o que vai reduzir o custo da máquina substancialmente, enfrenta esse problema, e abre espaço no teto. Faz também uma reforma tributária ampla, séria”, afirma.
Segundo ele, quem ganhar a eleição vai ter dificuldade de administrar o país no ano que vem. “A economia vai sofrer com essa questão, essa desconfiança fiscal, esse problema de burlar o teto. Foram feitas despesas extra para a pandemia, só que não é esse o caso hoje”, diz.