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Eleições: para 70%, contagem de votos é honesta; 28% não confiam na apuração
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Publicado em 22/09/2022

Sete em cada dez eleitores dizem confiar em alguma medida na honestidade do processo de contagem de votos no Brasil. De acordo com a nova pesquisa “A Cara da Democracia”, cerca de um terço dos brasileiros aptos a votar (34%) afirma confiar muito na apuração dos votos. Os que dizem confiar “mais ou menos” são 24%, enquanto 11% afirmam ter pouca confiança nesse processo. Desconfiam totalmente da apuração 28% dos eleitores. Os percentuais permaneceram estáveis em relação ao levantamento anterior, divulgado em julho.

 

As urnas eletrônicas, adotadas pela Justiça Eleitoral há mais de duas décadas e que até hoje não tiveram nenhum caso comprovado de fraude, já foram contestadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em diversas ocasiões desde 2018 — ano em que foi eleito a partir dos votos registrados no equipamento.

 

É justamente entre os apoiadores do presidente que a desconfiança no sistema de apuração dos resultados eleitorais é mais frequente. Só 21% do grupo que declara a intenção de votar no candidato à reeleição diz confiar muito na honestidade do processo de contagem dos votos. Entre eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o percentual é de 44%.

 

Bolsonaro é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa de uma live realizada no ano passado em que disse haver “indícios” de irregularidades no funcionamento das urnas. O presidente não apresentou provas. Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre o processo eleitoral em julho deste ano, em reunião com embaixadores estrangeiros.

 

O Ministério da Defesa pressionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a aceitar recomendações da pasta para a eleição deste ano, incluindo uma apuração paralela à oficial conduzida pelas Forças Armadas. Uma das sugestões dos militares foi aceita, a de um teste-piloto com biometria que será feito a partir de 56 urnas em 18 estados e no Distrito Federal no dia da votação.

 

De acordo com a pesquisa “A Cara da Democracia”, mais da metade dos brasileiros aptos a votar (54%) é favorável a uma apuração própria das Forças Armadas. São 41% os que se declaram contrários à ideia.

 

— As pessoas acham que quanto mais transparência no processo de apuração das eleições, melhor. O problema não é a instituição que vai fazer a contagem dos votos — analisa Leonardo Avritzer, professor titular da Departamento de Ciência Política da UFMG.

 

A avaliação de que o apoio majoritário à participação dos militares na contagem dos votos não decorre da descrença no processo atual é corroborada por outros dados da pesquisa. O levantamento mostra que o percentual de brasileiros que dizem confiar nas Forças Armadas (71%) é praticamente o mesmo dos que afirmam acreditar na Justiça Eleitoral (72%). Para 69%, o trabalho do TSE e tribunais regionais eleitorais é “muito importante” para o funcionamento da democracia no Brasil.

 

Entre os apoiadores de Bolsonaro, 75% acham que os militares deveriam fazer uma apuração paralela dos votos na eleição deste ano. Já no grupo que declara voto em Lula, essa taxa cai para 44%.

 

Para 80%, derrotados devem reconhecer resultado

O presidente Jair Bolsonaro já deu sinais distintos em relação a como reagirá caso perca a eleição de outubro. No início do mês, disse que passará a faixa presidencial e irá “se recolher” se for derrotado. No dia seguinte, porém, condicionou o gesto ao que chamou de “eleições limpas”, sem especificar o que seria necessário para isso.

 

Para 80% dos eleitores brasileiros, o resultado apontado pela apuração oficial deve ser conhecido pelos candidatos que perderem em qualquer circunstância. Outros 8% acham que a derrota deve ser admitida somente se houver uma grande diferença no número de votos a favor do vencedor. Só 4% dizem que o candidato derrotado não deve reconhecer o resultado das urnas.

 

Feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), a pesquisa entrevistou presencialmente 1.535 eleitores em 101 cidades de todas as regiões do país entre os dias 9 e 14 de setembro e foi contratada pelo CNPq e Fapemig. A margem de erro total é de 2,5 pontos percentuais para mais ou menos com índice de confiança de 95%.

Agência Extra

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