SÃO PAULO (FOLHAPRESS) – A empresa de cibersegurança CrowdStrike ainda buscava se consolidar no mercado brasileiro antes do apagão cibernético desta sexta-feira (19), quando uma atualização do programa de proteção levou computadores por todo o mundo a apresentar a “tela azul da morte” —sinal de apagão no sistema.
A baixa presença da empresa de cibersegurança no Brasil é a razão do menor impacto da pane global no país, segundo especialistas ouvidos pela Folha. A Receita Federal, por exemplo, atribuiu a normalidade de seus serviços à “não utilização do antivírus que, segundo relatos, estaria causando os problemas reportados em escala global”.
Aeroportos e empresas aéreas brasileiros registravam poucos atrasos. Nos Estados Unidos, por outro lado, a falha global congestionou todo o sistema de aviação refletindo em filas imensas nos saguões aeroportuários e centenas de voos cancelados.
Essa diferença de intensidade também aparece no balanço da empresa americana de cibersegurança: dos US$ 693 milhões (R$ 3,8 bilhões) de receita da empresa no último trimestre, US$ 475 milhões (R$ 2,6 bilhões) tinham origem nos EUA. O Brasil aparece no grupo “outros”, que arrecadou US$ 41 milhões (R$ 228 milhões).
“Poucas empresas no Brasil e na América Latina têm a aptidão financeira para contratar a Crowdstrike”, diz o vice-presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet), Jesaias Arruda. O custo do software da Crowdstrike chega a ser dez vezes maior do que o de um antivírus convencional e ele tem muito mais recursos, de acordo com Arruda.
“É justamente isso que faz com que os mercados europeus, americanos e a Ásia como um todo utilizem massivamente a ferramenta”, diz o especialista.