Poucas horas após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defender a responsabilidade fiscal em rede nacional, o Banco Central divulgou dados que mostram um aumento significativo no déficit das contas públicas em comparação ao ano passado.
Na noite de domingo, 28, Lula reiterou o aprendizado orçamentário que diz ter herdado de sua mãe, Dona Lindu. “Não abrirei mão da responsabilidade fiscal. Entre as muitas lições de vida que recebi de minha mãe, Dona Lindu, aprendi a não gastar mais do que ganho“, afirmou o presidente.
No entanto, na manhã desta segunda-feira, 29, o Banco Central divulgou o resultado primário do setor público consolidado, revelando um déficit primário de 43,4 bilhões de reais no primeiro semestre do ano, o equivalente a 0,78% do PIB. Esse valor representa um gasto acima da arrecadação, desconsiderados os juros.
Os números incluem as contas do governo federal, estados, municípios e empresas estatais, agravando ainda mais a situação para o Planalto. Enquanto estados e municípios registraram superávit, seguindo o conselho de Dona Lindu e mantendo receitas acima das despesas, o governo federal apresentou um desempenho negativo.
Segundo o relatório do Banco Central, o déficit das contas públicas mais do que dobrou em comparação com o primeiro semestre do ano passado, quando o resultado negativo foi de 20,4 bilhões de reais. Este rombo é o maior para o período desde os primeiros seis meses de 2020, quando a pandemia levou a um aumento nos gastos governamentais.
Com o governo gastando mais do que arrecada, a única solução é o endividamento. A dívida do setor público consolidado aumentou 1,1 ponto percentual do PIB no último mês, passando de 76,7% em abril para 77,8% em maio, ou 8,7 trilhões de reais – o nível mais alto desde novembro de 2021.
Desde que voltou ao Palácio do Planalto, Lula aumentou a dívida brasileira em 6,1 pontos percentuais. Em dezembro de 2022, a dívida estava em 71,7% do PIB.