O coronel Pedro Luís de Sousa Lopes, responsável pelo setor de inteligência da Polícia Militar (PM) de São Paulo, emitiu um alerta sobre a crescente influência do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas eleições municipais deste ano. As declarações foram feitas durante o encontro anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), realizado nesta quinta-feira (15).

De acordo com o coronel, a preocupação com o envolvimento do PCC na política é generalizada, e a facção criminosa está expandindo sua atuação além dos centros urbanos, atingindo um grande número de municípios. “Hoje, existe uma inclinação perigosa em relação à política. É muito maior do que imaginava. Não dá para falar em 100, 200 municípios”, afirmou Lopes.

O coronel destacou que, além de influenciar o dia da votação, o PCC tem atuado principalmente no financiamento de campanhas eleitorais. Segundo ele, quanto menor o município, mais vulnerável ele se torna a esse tipo de interferência. “Tem vários municípios com indícios muito palpáveis de que já há alguma movimentação importante do crime para participar como financiador de campanha eleitoral”, explicou.

Um dos exemplos citados por Lopes foi um caso ocorrido recentemente no Guarujá, litoral paulista, onde um suspeito de fornecer serviços à prefeitura foi assassinado. O vereador do município que sobreviveu ao ataque também estaria envolvido no esquema.

Ainda durante a apresentação, o coronel enfatizou que o crime organizado não pode ser um empecilho para a realização de campanhas eleitorais de opositores nos territórios dominados pela facção. “Não posso permitir que em determinado território legenda A, B ou C não possa circular”, disse.

Para lidar com a situação, a inteligência da PM já iniciou articulações com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e gestores regionais, com várias reuniões realizadas para tratar da segurança nas eleições e garantir que a influência do crime organizado não interfira no processo democrático.