BRASÍLIA (AGÊNCIA O GLOBO) – O vice-líder do PT na Câmara, deputado Rogério Correia (MG), afirmou nesta sexta-feira que o favorito na disputa para a presidência da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), garantiu aos governantes que não vai pautar o projeto de lei que pode anistiar os condenados por participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, caso seja eleito. De acordo com o parlamentar mineiro, este foi um compromisso reforçado por Motta diante de toda a bancada petista. O tema, entretanto, é considerado prioritário para a bancada bolsonarista da Casa, que também apoia Motta. Procurado, o candidato à presidência da Câmara não respondeu se assumiu compromissos em relação ao tema com algumas das bancadas.
— Foi em reunião com a coordenação cooperativa do PT e posteriormente com toda bancada (que Motta teria garantido que não pautaria o projeto da anistia). A hipótese primeira era que Arthur Lira colocasse ponto final a esta questão, mas que caso o não fizesse, o Hugo faria como presidente. Com o inquérito da Polícia Federal indiciando Jair Bolsonaro e outros articuladores da tentativa de golpe, fica mais fácil o compromisso de Hugo Motta conosco — disse ao GLOBO.
Em entrevista, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro tem mais prioridade do que um eventual projeto que garanta a elegibilidade do ex-mandatário e garantiu que o tem vem sendo tratado com Motta.
— Esse assunto (a elegibilidade de Bolsonaro) é tratado internamente. Temos este assunto, sim, principalmente a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. Mas não convém divulgar. Tudo está sujeito a interferências judiciais pertinentes — garantidas.
Motta, que tem sinalização favorável do PL e do PT, tenta se equilibrar diante do assunto. Em outubro, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão especial e atrasou a tramitação do projeto de lei que dá anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A ideia era justamente evitar que o tema contaminasse o seu processo de sucessão.
— O tema deve ser debatido pela Casa, mas não pode ser elemento de disputa política com a eleição da Mesa Diretora da Câmara. Determina uma comissão especial para analisar o PL 2858-22. É necessário buscar a convergência do texto — disse Lira