
A biografia oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), exibida na galeria de ex-presidentes no Palácio do Planalto e no Centro de Referência de Acervos Presidenciais, omite completamente sua prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, fatos que marcaram sua trajetória recente e dividiram o país.
O texto institucional detalha a história pessoal de Lula, sua carreira sindical, a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), os dois mandatos presidenciais e programas sociais como o Bolsa Família e o PAC. No entanto, ignora o episódio de 2018, quando o ex-presidente foi condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato, permanecendo detido por 580 dias.
Embora o Supremo Tribunal Federal tenha anulado suas condenações por questões processuais — sem discutir o mérito das provas —, a prisão de Lula se tornou um dos acontecimentos políticos mais relevantes da história recente do Brasil, gerando forte repercussão nacional e internacional. Ainda assim, na versão oficial exposta ao público, esse capítulo foi apagado.
A ausência da prisão na galeria oficial reforça a crítica de que o atual governo tenta reescrever a história ao apagar episódios importantes na trajetória de Lula. O perfil ressalta apenas feitos positivos, como o crescimento econômico no início dos anos 2000, o combate à fome e a expansão da educação superior, omitindo não apenas a Lava Jato, mas também os escândalos de corrupção que envolveram o PT durante seus governos, como o Mensalão e os desdobramentos da crise da Petrobras.
Para visitantes, pesquisadores e estudantes que consultam o material oficial, a biografia oferece uma narrativa incompleta e parcial, ignorando elementos fundamentais para entender a trajetória política do ex-presidente — incluindo o impacto de sua prisão nas eleições de 2018 e no ambiente político do país.
Até o momento, o Palácio do Planalto não se pronunciou sobre o motivo da omissão. A escolha de suprimir informações controversas da galeria presidencial levanta debate sobre o uso da memória pública para fins políticos e sobre o direito da sociedade de ter acesso à história completa de seus governantes, e não apenas à versão oficial idealizada.
