
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (9) que anunciará “nas próximas horas” uma nova tarifa sobre produtos brasileiros. “O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom. Vamos divulgar um dado sobre o Brasil, acredito, no final desta tarde ou amanhã de manhã”, declarou o republicano a repórteres na Casa Branca, durante encontro com líderes da África Ocidental.
A medida faz parte de uma série de sobretaxas que Washington vem impondo, nas últimas semanas, a parceiros comerciais que, segundo Trump, “atrapalham” a venda de produtos norte-americanos ou se aproximam politicamente do bloco Brics. Na segunda-feira (7), cartas enviadas a governos estrangeiros confirmaram alíquotas superiores às previamente divulgadas – Japão e Coreia do Sul foram incluídos em uma lista que já abrange Argélia, Brunei, Iraque, Líbia, Moldávia e Filipinas, com tarifas que chegam a 30%.
Em abril, Trump anunciara o plano de cobrar tarifas “recíprocas” de países com os quais os EUA registram déficits comerciais. Desde então, poucos acordos foram fechados (com Vietnã e Reino Unido), enquanto avançaram tratativas com a China. Há dois dias, o presidente avisou que os países visados começarão a pagar as novas taxas em 1º de agosto, “sem prorrogações”.
Nas comunicações oficiais, Trump cita:
Déficits comerciais – afirma que os EUA compram mais do que vendem a determinadas nações.
Alinhamento ao Brics – diz que tarifas serão definidas “em resposta a outras políticas que se alinharem à postura do Brics”, bloco que considera prejudicial aos interesses norte-americanos.
Ainda não há detalhes sobre o percentual nem sobre os produtos atingidos. O Brasil tem superávit comercial de quase US$ 30 bilhões com os EUA (dados de 2024), concentrado em petróleo, celulose, minério e aço semiacabado. Analistas ouvidos reservadamente pelo Itamaraty avaliam que novas tarifas podem:
Redirecionar exportações brasileiras para a Ásia ou Europa, elevando custos logísticos;
Aumentar pressão cambial sobre o real, caso o fluxo de dólares via exportações seja afetado;
Reacender disputas na OMC, onde o Brasil costuma contestar barreiras norte-americanas a aço e alumínio.
O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre as declarações de Trump.
